Faz tempo que não há tempo. Engraçado como hoje o tempo parece menor, as horas parecem mais curtas, as amizades mais escassas, a vida menor... E ainda assim as alegrias parecem melhores, mais fáceis, o amor parece maior, a paixão mais forte, os sonhos mais possíveis.
Às vezes fico pensando de quem é a culpa. A culpa por tudo. Pela vida, pelo tempo, por todas as coisas que achamos que existem. E será que existe mesmo um culpado? Talvez haver a culpa seja só uma forma fácil de explicar, como dizer à uma criança que chove porque São Pedro lava o céu, é muito mais fácil...
Fácil é algo meio besta. Nós nunca seguimos por esse caminho mesmo... Gostamos é de complicar a vida, de achar que nem tudo são flores, de não enxergar o quanto há pela frente, de perceber o quanto é banal não ter o que resolver. Mas ainda assim existem coisas fáceis. O amor é fácil. Fácil e simples.
Difícil são as relações e pensar que vivemos delas.
Assim como os alimentos mais maravilhosos nutrem nosso corpo, as relações nutrem nossa alma. Tanto as conturbadas quanto as calmas. Assim como é preciso comer de tudo, precisamos de todas as relações e isso soa meio estranho ao nosso coração. Andar pelo asfalto é fácil, difícil mesmo é escalar uma montanha. Mas qual dos dois é melhor?
Melhor mesmo sempre será a dúvida. Enquanto questionamos coisas incríveis podem acontecer mas quando paramos o que de mágico pode acontecer? A magia está em quem pode ver e ai é que está o x a questão, todo ser humano tem as mesmas capacidades, diferentes facilidades, então o poder está no querer. Pois é... Confuso?
Quando paramos pra pensar tudo se torna meio confuso e quando escrevemos então... nem se fala. A razão de tudo isso é simplesmente mostrar como funciona uma mente meio livre. Meio livre porque sempre haverão amarras... Somos feitos luz mas toda luz sempre encontra uma parede. A diferença é a que sempre a luz encontra uma fresta. Onde está nossa fresta?
Talvez a fresta esteja na meia liberdade e o quanto podemos aproveitá-la. Descobri que a minha liberdade está em escrever e em mais mil e quinhentas atividades pelo menos. E percebi também que isso às vezes fica meio perdido quando estamos felizes demais. A felicidade oprime a liberdade. Ela oprime tudo na verdade, ela é meio egoísta. Só percebemos que estamos imensamente felizes quando nos esquecemos de todo o resto. Mas, uma hora, uma voizinha fica gritando "Olha o equilíbrio! Vai se perder por aí, menina!". É a felicidade também oprime a memória. Você se esquece de tudo o que estava ao seu redor quando você estava menos feliz. Então ela também te cega... Você não percebe o que está deixando de lado.
Os objetos que se encontram na sua visão periférica são tão importantes quanto os que estão focalizados.
É estranho pensar assim, mas é assim que é.
E tudo isso, o tempo, a culpa, as facilidades, as dificuldades, o amor, as relações e a felidade é só pra dizer: "Sim, agora ela quer escrever."