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Maio.

Quando pequena os brinquedos pareciam mais que enormes, as luzes mais que coloridas e os cheiros e sabores mais que especiais.
Era como magia pura.
O vento frio, mas não gélido, abanava as blusas e fazia as toucas sempre caírem no chão. Era proibido sair de casa sem estar bem agasalhado e era de lei comer churros na Festa de Maio.
Festa essa que durava treze noites e quatorze dias, mas ainda criança ia apenas em três ou quatro,sempre no início, pois era um perigo no final, quando um verdadeiro "formigueiro humano se juntava", como dizia sua mãe.
Tudo era gigante e único. Seu maior moinho de vento eram os aviõezinhos, que davam tanto medo e ao mesmo tempo tanta alegria que era indescritível a sensação de estar lá.
Naquela época podia-se ser qualquer coisa, desde atirador de elite, quando o pai segurava a arma no Tiro ao alvo, até piloto de caça nos aviõeszinhos.Era-se quem queria ser.
Nessa época do ano as gripes e crises alérgicas eram comuns graças ao tempo seco e quando um ficava gripado, todos os outros ficavam também. Afinal, eram três e sempre seriam três.
Era uma loucura ir nos brinquedos todos, cada um queria um e sempre saia a conversa de amarra-los todos numa só cordinha.Mas pior era quando juntavam-se os primos.
Para as crianças era pura farra, mas para os adultos talvez não fosse tanto assim.
Os pais na verdade não deviam gostar de fato dessa bagunça, afinal eles trabalhavam durante o dia, mas as crianças nem ao menos dormiam com a ansiedade da festa.
No dia de ir todas as regras eram combinadas em casa: um cartelão para cada um, dez reais para comprar o que quisesem (sempre acabava sendo mais por causa dos quitutes trazidos na volta do trabalho ou pelos churros depois da escola), nunca desgrudar da mãe, dar sempre as mãos, nunca andar em fila, não falar com estranhos nem aceitar nada... As regras faziam parte da rotina de Maio, eram parte da Festa.
Depois de grande, os moinhos foram outros, a farra da Festa era ir em grupo. Ainda não abandonara o hábito de andar de mãos dadas e essas mesmas mãos eram também utilizadas para sinalizar quando alguém sumia em meio à multidão, tão temida na infância.
Nessa época os brinquedos dexaram de ser grandes, hoje são pequenos e não causam mais o mesmo vento no rosto e a impresão de que se pode ser o que se quer ser neste mês.
Os cheiros já não são tão bons e se parecem mais com cheiro de sujeira misturada com fritura. As luzes parecem pobres.Mas ainda há uma grande alegria na Festa: o sorriso da criança mais amada.
Sim, um simples sorriso faz com que tudo seja belo e mágico novamente e talvez simplesmente por isso os pais continuem levando seus filhos na Festa de Maio, para vê-los sorrir.
O incrível de crescer não é ver o passado ou ter outras ideias, é perceber que a magia da infância pode viver conosco, ao nosso lado e que sempre existirão crianças para segurar nossas mãos na Festa de Maio.

6 olhares incomuns:

Anônimo disse...

Gostei to texto é bem criativo!!
Beiijos

Dressa Ferreira disse...

Adorei o texto!
Muito bomm!
Beijos

Lina :) disse...

Se não fosse o último parágrafo, eu ia ficar brava.
Ufa. Que bom que ainda existem crianças de fora para nos lembrar que temos crianças dentro de nós, ainda.

Beijos, Laís.

Lina :) disse...

Ah é.
Eu aaaaaaaamo torta holandesa, mas amanhã é domingo de dia das mães e vamos fazer um almoço aqui em casa.
Você está em Ita ou em São Bernardo?

Beijos :*

Anônimo disse...

Ainda não li nehum poema dela não!Mas quero ler jáque vc falou!
Eu gosto de ler poesia, mas não muitas prefiro livros de história tipo o Caçador de pipas,a inspiração vem de mim mesmo !rsrs

Beiijos

Xubis D. disse...

Oi, laís!

Nossa, adorei o texto.
deve ser porque ele, em parte, me lembrou uma festa aqui da minha cidade, Piracicaba. Bem legal.
Lindíssimo....

Ah, obrigada pelos memes!

Beijos da Lu Paes!